ARIA - 5 anos

No dia 14 de agosto de 2024, o ARIA completou 5 anos. Foi nesse dia, em 2019, que o laboratório foi formalizado, mas sua história começa um pouco antes.

No início de 2017 eu defendi o meu doutorado. Pouco tempo depois, visitando o Centro de Informática, eu encontrei Thaís pelos corredores, uma amiga que conheci ainda quando criança, mas que fazia muito tempo que eu a tinha visto. Nesse dia conversamos um pouco e ali surgiram as primeiras ideias que alguns anos depois deram origem ao ARIA.

Nessa época, eu ensinava no campus de Rio Tinto da UFPB, mas mesmo assim eu e Thaís começamos a trabalhar em alguns projetos e pesquisas. Nos anos seguintes, orientamos alunos, escrevemos artigos, pesquisamos, conseguimos alguns financiamentos, tivemos decepções e também sucessos, mas no final, o mais importante é que a gente aprendeu muita coisa.

Ser um pesquisador na área de Inteligência Artificial que viveu a década de 2010-2020 foi uma experiência ímpar. Nós vimos a área de pesquisa se transformar e ser tomada pelas redes neurais profundas, uma revolução que fez a demanda da IA crescer em ritmo acelerado. Em 2019 a gente percebia claramente o impacto disso no que estávamos fazendo. Muita gente estava querendo aprender e querendo usar IA.

Thaís pesquisava no Lavid e eu não tinha um lugar muito certo. Percebendo o que estava acontecendo e o que podia vir no futuro somado com nossa experiência, nós resolvemos que era o momento de criar um lugar próprio para IA no Centro de Informática. Um laboratório com foco em aprendizagem de máquina para trabalhar no que existe de mais inovador e promissor nessa área. Isso também combinou com o surgimento do curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial no Centro de Informática e consequentemente com minha vinda para o campus de João Pessoa.

Em 2020, fechamos o nosso primeiro grande projeto com a Secretaria da Fazenda do Estado da Paraíba, órgão do governo que continua sendo nosso parceiro e que percebeu que a Inteligência Artificial consegue e tem potencial de auxiliar no combate à fraude fiscal. Em 2020 também foi o ano em que Telmo se juntou ao laboratório, trazendo toda sua experiência na área. Curiosamente, todos nós fizemos doutorado na UFPE, mas ninguém nunca estudou junto.

Ao longo dos meses e anos, outros parceiros passaram a financiar e desenvolver projetos de pesquisa e inovação com o ARIA. Instituições do governo como o TCE-PB, Secretaria da Educação e Secretaria de Segurança e empresas privadas como Brisanet, Moises e IARIS.

Durante os próximos quatro anos, muita inovação foi desenvolvida em parceria com o ARIA e muito foi aprendido em como fazer um laboratório de pesquisa, que se propõe a entregar resultados concretos para parceiros diversos, funcionar. Hoje temos muito orgulho do que o ARIA alcançou nesses 5 anos. Hoje temos o ARIA recuperando milhões de reais para o estado da Paraíba com combate à fraude fiscal, através da SEFAZ-PB, temos o ARIA em milhões de smartphones, através do app do Moises, temos o ARIA ajudando a melhorar a transparência das prefeituras do estado, com as ferramentas do TCE-PB, temos o ARIA sendo aplicado em pesquisa e aparelhos médicos nos EUA com a nossa parceria com a Universidade da Pensilvânia e teremos o ARIA em Paris, nas paralimpíadas, auxiliando o time de Goalball do Brasil. Além de tudo isso, temos diversas pesquisas, trabalhos de conclusão de curso, mestrados e doutorados que já foram desenvolvidos dentro do laboratório.

Isso parece muito, mas não é nada perto do nosso outro grande resultado que é a formação de dezenas de alunos que estão e que já passaram pelo laboratório. São pessoas que estão aprendendo e desenvolvendo inteligência artificial em altíssimo nível. Os bolsistas do ARIA estão capacitados em utilizar e desenvolver IA na área de saúde, processamento de texto, visão computacional, música, big data, etc. Um resultado ainda mais valioso que toda inovação que estamos trazendo, pois nossos egressos vão continuar levando inovação para o país e para o mundo, multiplicando o que fazemos. E falando em egressos, é muito importante ressaltar as conquistas de João Pedro e Itamar, que farão pós-graduação na Universidade de Toronto e em Harvard, respectivamente.

Não posso deixar de escrever também sobre todos os professores que fazem parte do ARIA. O laboratório começou comigo e com Thaís, depois Telmo se juntou, o que formou o alicerce para o que temos, mas desde o início, sempre contamos com vários colegas que também fazem o ARIA acontecer. Raoni e Hacks se juntaram ao ARIA no nosso projeto com a SEFAZ e são responsáveis pela parte de infraestrutura dos projetos, Rafael coordena o projeto com a IARIS, Leonardo que além de uma inspiração para todos nós, participa dos projetos de pesquisa do Goalball, Marcelo, que é a cabeça e faz o sistema CACTO funcionar e Yuska, que comanda a equipe de testes.

Depois de 5 anos, vem a pergunta: o que esperar dos próximos 5 anos? Nós queremos continuar o que estamos fazendo, mas queremos melhorar. O ARIA hoje é muito mais maduro que no início e queremos levar essa experiência para trazer mais inovação para mais lugares, para formar mais pessoas e para contribuir com todo o ecossistema que estamos envolvidos. Temos muitos planos e estamos trabalhando fortemente para realizá-los. Espero escrever daqui a 5 anos um novo texto, dessa vez comemorando os 10 anos do ARIA e mais uma vez poder recheá-lo de conquistas e notícias boas.